segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Tardigrada


Uma ida ao espaço é sempre motivo de atenção à mídia, principalmente no último vôo de um ônibus espacial. Em maio de 2011, o último vôo do Endeavour levou várias pesquisas para se realizar no espaço, uma delas envolvia os Tardigrada1. Há um bom motivo para tal, os Tardigrada são animais com capacidades de resistência impressionante. Eles sobrevivem à temperaturas muito próximas ao zero absoluto, como também altíssimas temperaturas e grandes pressões. Esta capacidade chamada de Criptobiose faz com que sua resistência seja única entre os animais. Mas o principal fator que o faz importante em pesquisas científicas é que sua criptobiose o faz sobreviver ao vácuo espacial tal qual o seu ovo. Ele “desliga” seu metabolismo e desidrata de forma a suportar condições totalemente contrárias à vida como conhecemos.

Figura 1 - Ilustração da resistência dos Tardigarda ao Espaço


A resistência é feita puxando suas pernas para dentro, perdendo água para fora e secretando um envelope de dupla cutícula sobre o corpo desidratado. Seu estado dormente resiste à temperaturas de 149ºC a -272ºC. Resiste também à substâncias tóxicas (salmoura, éter, álcool liquido), vácuo, radiações ultravioletas e ausência de oxigênio. Sua anabiose (dormência do metabolismo) pode superar limites imagináveis; faz por exemplo uma espécie da Groelândia, Halobiotus crispae, ter várias “conformações” para diferentes épocas, como um modo de sobreviver às estações secas, chuvosas, frias e quentes, de maneira distinta

Figura 2 - Várias conformações de Halobiotus crispae


O nome Tardigrada remete à sua lentidão em andar (do latim tardus, “lento”; gradus,”passo”). São normalmente apelidados de “ursinhos d´água” pela aparência parecida com ursos; seu “carisma” visual também atrai interesses importantes.

Um dos fatos ainda mais surpreendente a respeito dos Tardigarda é que eles são muito comuns. Talvez explicado pelo seu tamanho pequeno e seu leve, mas resistente ovo ser transposto facilmente à grandes distâncias. Seu tamanho reduzido não impedem no entanto sua ampla distribuição. Em uma análise em um microscópio da água de qualquer lugar, é possível, com um pouco de sorte, achar um Tardigrada. Sua densidade média em musgos são aproxiamdamente 2000000 por metro quadrado. Eles são animais muito pequenos, os maiores adultos medem 1,5 mm e os menores alcançam 0,05 mm. Água de poços, lagos e riachos são lugares muito propícios a acharem Tardigarda, assim como sobre os musgos, mas seu tamanho diminuto os faz passar muitas vezes “despercebido”.

Figura 3 - Tardigarda sobre o musgo


Os Tardigradas são incluídos no grupo Panarthropoda por possuírem características como apêndices articulados dispostos em 4 pares de pernas com garras. Eles possuem ecdise marcante e cérebro tripartido, reforçando sua posição em Ecdysozoa. Em Panarthropoda, sua situação está definida pela presença de estilete, órgão perfurador que permite perfurar caules e se alimentar da seiva. Eles também possuem musculatura complexa e túbulos de Malpighi.

Seu pequeno tamanho também aponta que ele sofreu várias regressões. O tamanho reduzido inutiliza sistemas como circulatório e respiratório por ser a difusão o principal agente dissipador. O principal indicador é a ausência de um coração, uma simplesiomorfia presente desde Bilateria.

Há presença de sexos separados e a fecundação é interna, sendo os ovos depositados na exúvia da fêmea com desenvolvimento direto.

Figura 4 - Varredura de um Tardigarda mostrando sua lateral


Suas pernas são extremamente curtas e ocas. Mas elas são mais articuladas que os lobopódiso dos onicóforos. Principalemnte o fato de tereme musculatura intrínseca. Sua musculatura envolve músculos lisos e estriados, diferentemente de anelídeos e aproximando mais da hipótese Panarthropoda do que da hipótese Articulata. É consenso de alguns autores aceitar uma cefalização em Tardigrada. Seu interior tem celoma reduzido, seguindo uma simplesiomorfia que tem seu melhor representante nos Hexapoda. Suas garras servem para fixá-los no substrato, como em algas,musgos e superfícieis sólidas à flor da camada de água.

Figura 5 - Ilustração de um Tardigrada ventralmente







1 - NASA Staff (2011-05-17). BIOKon In Space (BIOKIS)

Figura 1 - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT00muUOowZpaDt74XE-vQjK3QJZy0t3Lxo-kQWSF0ejA0w1q8USC65D9bAKbTJDaGacxZG-bPGPvjT7qhs9fmynFhhNNz9gZI5PI8xt_PLoWplhM70HhaeXtxtoKvpnC00SPwzBZPYdI/s1600/tardigrada_espacio%5B1%5D.jpg

Figura 2 - http://www.diagonale-groenland.asso.fr/greenland_tardigrada.htm

Figura 3 -http://www.imagegossips.com/2011/01/tardigrada-pictures/

Figura 4 - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHASFPupkUezKAInLWF4W4W1Ie3V5n69_H-Zf3A06OQ5kdJNw6tvxDczoBX7fUXDgjMnocnvggHt7Bv5fT_WGJYJl4mPN6mh0HfQlLKFVCToDZe-2SRUVTDao7x-ADYMPqkbo7YAjC1eL9/s1600/tard%C3%ADgrado.jpg

Figura 5 - http://www.eoearth.org/files/123501_123600/123597/200px-Tardigrada.jpg



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